terça-feira, julho 24, 2007

AMOR = (Que se Ame) + (Deixar-se Amar)

Tento agarrar as palavras que me rebentam a cada sentir que tenho. Soltam-se de mim sensações como balões cheios de hélio que sobem para o céu, destinados a perderem-se no imenso azul, enquanto eu silenciosamente os observo a afastarem-se. Mas apenas uma palavra me merece traduzir cada um desses sentires, dessas reacções químicas que se me formam: INEFÁVEL. Completamente inefável. Nenhum esforço pode traduzir ou representar aquilo que sinto. Mas é consciente dessa impossibilidade que a tarefa de me aproximar da sua discrição torna o desafio apetecível: tentar descrever o que não têm descrição, o que é inefável. O paradoxo que desafia a razão, razão da qual não podemos estar sempre imbuídos, ou deixamos de ser o que somos para nos tornar-nos num desejo de que queremos sempre ser algo que não somos, de sermos algo que os outros pensam que devíamos ser e que provavelmente não poderemos ser.

Deixem-me ser o que sou. Deixem-me ser o que sinto. E ao ser o que sinto sou sempre algo novo, uma criatura nova todos os dias que se faz e recria diariamente. Deixar a minha imaginação gerir o que faço e o que sou ou posso vir a ser. A liberdade de imaginar diariamente que sou um ser novo todos os dias e não um nome que me deram, um Paulo que dizem que sou. Não sou nada disso. Sou Inefável.


Quero amar o mundo e que o mundo me deixe ama-lo,
Quero continuar-te a amar sempre que estás presente.


A confusão que tantos criaram sobre o que é amar devia ser destruída.

Amar a cada bater do coração, amar em cada pulsação,
Amar sempre que respirar,
Amar para o nosso espirito limpar.
Amar em cada lagrima que nos cai,
Amar em cada palavra que da boca nos sai,
Amar sem pedir nada em troca, sem rejeitar.
Deixar amarmo-nos pelos outros, para que o mundo também possa amar.

Amar por que a vida é curta e o amor eterno.

E eu aqui que não me consigo conter de amar tanto este mundo.
Amar cada pássaro, cada árvore, cada pedra lascada.
Amo cada pessoa da rua, ou que cruzo na escada.
Amar o mosquito que me mordeu que o meu sangue bebeu,
Amar a dor que sinto, a tristeza que me invadiu.
Amar o ódio que se gerou ou o amor que fugiu.
Amar o bom e o mau, amar o possível e o impossível.
Amar o que existe, o que está aqui,
Amar-te a ti.

E... e se amar é tudo o que posso,
Então que ame.
Se a felicidade é poder amar,
Então que ame.
Se o amor é alimento,
Então que ame.
Se o amor é vida,
Então que ame.
Se amar é morrer lentamente,
Então que ame.
Se amar é sofrer,
Então que ame.
Se amar é me perder,
Então que ame.
Se amar é desesperar,
Então que ame.
Se amar é sentir,
Então que ame.
Se amar é aqui estar,
Então que se ame.

Amar só por amar
Sem medo de partir
Indiferente ao destino a que se chegar.

quarta-feira, julho 04, 2007

Crónica - De Férias...

O calendário marca o dia 4 de Julho, o sol lá fora ora se esconde ora mostra o seu sorriso, penso em sexo, tento escrever qualquer coisa no meu Blogg, não sei o que devo dizer, falar de politica, da crise económica do pais que muitos dizem que se vive? Da crise na saúde, e as crises internacionais, nas crianças inglesas que desaparecem no Algarve, das cheias na Inglaterra que põem mais ingleses a desaparecer, vejo corpos molhados semi-nus, penso em sexo, Lembro-me de uma conversa da minha irmã sobre uma amiga dela que disse ter sido minha colega de infância, procuro-a no Hi5, descubro quem é, Fogo Como o Tempo Passa, a moça está crescida, que bonito corpo, penso em sexo, ponho-me a procurar livros na net em português, sobre quê? tudo… Já passa da hora de almoço, descubro uns blogges interessantes, vidas que se queimam nas chamas da vida, Macau Lisboa Polónia, que andam a fazer as pessoas neste mundo? que faço eu? Estou de férias, penso em sexo, ..mas não acontece… não estou triste nem desiludido, estou um pouco de tudo em simultâneo. Dou com um blogg de um suposto casal desinibido que gosta de publicar as suas fotos e os seus vídeos caseiros. Morreu o actor Henrique Viana com 71 anos. O sol brilha agora em força lá fora, o verde da macieira do pessegueiro do chorão da roseira fervilha de frescura por entre a roupa do estendal, a minha mãe prepara grelhados para o almoço, estou de férias, vim dar-lhe mais trabalho, penso no que vou fazer hoje, tenho que ir ver livros, compra-los, de preferência bons e muitos, as férias estão a acabar. Estas férias já vou acabar o segundo livro, sem contar aqueles que já comecei sem data para terminar. Filosofia, ciência, não me saem da cabeça. “Só sei que nada sei e até disso não posso estar certo”. Escrever, de que serve? Tantas ideias, tantas opiniões, tantas experiências que vejo espalhadas pela rede, só fico com aquele sentimento de uma ignorância que não consigo saciar, como o sexo, de uma inveja de não conhecer os autores dos bloggs, queria comentar o que escrevem, riu com o que dizem, fico deprimido com o sucesso alheio, deixo de ficar e pergunto-me para que serve o êxito pessoal, essa satisfação do ego sobre a nossa relação com o mundo, a aprovação alheia, lutar por um ideal qualquer. Quero atirar isso tudo pelo chão e espezinhar todos os conceitos feitos, preconceitos que não consigo abandonar de tão entranhados que estão na minha programação, não sou uma máquina, posso desprogramar-me. Penso em sexo mas a sua ilusão desprende-se de mim como pó sacudido da roupa. E então todas as minhas ilusões e programações caem aprisionadas em cada grão de pó que se me desprendeu da roupa. Soltam-se numa nuvem densa que vai aumentando de transparência à medida que se afastam em direcção ao chão. E o cheiro de batatas fritas que corre da cozinha puxa-me para longe do teclado dando um fim a este começo. Agora já me sinto livre.