quarta-feira, julho 04, 2007

Crónica - De Férias...

O calendário marca o dia 4 de Julho, o sol lá fora ora se esconde ora mostra o seu sorriso, penso em sexo, tento escrever qualquer coisa no meu Blogg, não sei o que devo dizer, falar de politica, da crise económica do pais que muitos dizem que se vive? Da crise na saúde, e as crises internacionais, nas crianças inglesas que desaparecem no Algarve, das cheias na Inglaterra que põem mais ingleses a desaparecer, vejo corpos molhados semi-nus, penso em sexo, Lembro-me de uma conversa da minha irmã sobre uma amiga dela que disse ter sido minha colega de infância, procuro-a no Hi5, descubro quem é, Fogo Como o Tempo Passa, a moça está crescida, que bonito corpo, penso em sexo, ponho-me a procurar livros na net em português, sobre quê? tudo… Já passa da hora de almoço, descubro uns blogges interessantes, vidas que se queimam nas chamas da vida, Macau Lisboa Polónia, que andam a fazer as pessoas neste mundo? que faço eu? Estou de férias, penso em sexo, ..mas não acontece… não estou triste nem desiludido, estou um pouco de tudo em simultâneo. Dou com um blogg de um suposto casal desinibido que gosta de publicar as suas fotos e os seus vídeos caseiros. Morreu o actor Henrique Viana com 71 anos. O sol brilha agora em força lá fora, o verde da macieira do pessegueiro do chorão da roseira fervilha de frescura por entre a roupa do estendal, a minha mãe prepara grelhados para o almoço, estou de férias, vim dar-lhe mais trabalho, penso no que vou fazer hoje, tenho que ir ver livros, compra-los, de preferência bons e muitos, as férias estão a acabar. Estas férias já vou acabar o segundo livro, sem contar aqueles que já comecei sem data para terminar. Filosofia, ciência, não me saem da cabeça. “Só sei que nada sei e até disso não posso estar certo”. Escrever, de que serve? Tantas ideias, tantas opiniões, tantas experiências que vejo espalhadas pela rede, só fico com aquele sentimento de uma ignorância que não consigo saciar, como o sexo, de uma inveja de não conhecer os autores dos bloggs, queria comentar o que escrevem, riu com o que dizem, fico deprimido com o sucesso alheio, deixo de ficar e pergunto-me para que serve o êxito pessoal, essa satisfação do ego sobre a nossa relação com o mundo, a aprovação alheia, lutar por um ideal qualquer. Quero atirar isso tudo pelo chão e espezinhar todos os conceitos feitos, preconceitos que não consigo abandonar de tão entranhados que estão na minha programação, não sou uma máquina, posso desprogramar-me. Penso em sexo mas a sua ilusão desprende-se de mim como pó sacudido da roupa. E então todas as minhas ilusões e programações caem aprisionadas em cada grão de pó que se me desprendeu da roupa. Soltam-se numa nuvem densa que vai aumentando de transparência à medida que se afastam em direcção ao chão. E o cheiro de batatas fritas que corre da cozinha puxa-me para longe do teclado dando um fim a este começo. Agora já me sinto livre.